Antes da industrialização, na idade média, a vida das pessoas era bem mais simplificada, mesmo não havendo qualidade de vida, vivia-se com pouca ou nenhuma pressão externa provenientes de seus empregadores. Não havia cobranças de horários, compromissos financeiros, acadêmicos, etc. Mesmo o trabalho sendo pesado, existia tranquilidade. Investia-se muito tempo na família.
Com a valorização da família, o lazer era inevitável, a carga horária de trabalho era muito inferior a que a população é submetida nos dias de hoje. Naquela época se trabalhava algo entorno de duas a três horas por dia. Atualmente um trabalhador assalariado com carteira assinada ou não, trabalha algo entre seis e oito horas por dia.
“Durante a idade média, o trabalho era duro e rural, e adaptado ao clima, às festas e aos repousos ditados pela família e religião, onde havia inúmeros dias santos. Trabalhava-se em média de 700 a 1000 horas por ano. Nesta sociedade predominavam os valores de vida comunitária, onde adultos e crianças partilhavam de atividades comuns, onde o trabalho e o lúdico tinham o mesmo grau de importância.” (MALACRIDA & MACHADO, 2008)
Os processos de industrialização tiveram início muito remotamente. Já no período de 1760 a 1850, a industrialização, ou seja, a Primeira Revolução Industrial e era restrita a Inglaterra, então conhecida como a “oficina do mundo”. Naquela época, foi proposta a produção sistemática de bens de consumo, em especial os têxteis e a energia a vapor.
Não demorou muito, e a partir de 1860, a revolução estava presente por diversas partes da Europa, Ásia e América do Norte e continuou sua expansão até 1900. Esta fase ficou conhecida como Segunda Revolução Industrial. Dentre os países que aderiram a industrialização figuravam os Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Japão e Rússia. Com o avanço das revoluções industriais, cresceu então a concorrência e a necessidade de novas formas de energia, surgindo as primeiras hidroelétricas e avanços nas áreas químicas e aço. Neste mesmo período também surgiram termoelétricas, pioneiras na emissão de gases poluentes de origem antrópica, que funcionavam a base de petróleo, lançando toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
O que impulsionou ainda mais a industrialização do futuro, foi invenção de George Stephenson (1781-1848) que em 1814, apresentou ao público o que seria a responsável pela expansão mundial, a máquina que possibilitou levar e trazer bens de consumo e matérias primas por tudo mundo ocidental.
A construção da locomotiva facilitou a comercialização e distribuição da produção, tornando estes processos mais eficientes. Em 1825 a “Locomotion” inventada por Stephenson tracionou um conjunto completo de composição ferroviária, fazendo o percurso de 15 quilômetros entre Stockton e Darlington, na Inglaterra.
Deste período até os dias de atuais, os chamados polos industriais somam-se aos milhares espalhados por todo mundo. São indústrias locais, regionais e até multinacionais que mantêm o foco na produção e comercialização de bens de consumo.
As indústrias estão preferencialmente preocupadas com lucros e pouco com o meio ambiente. O foco é no crescimento econômico, no ganho de capital. Esta ideia de crescimento econômico foi bastante impulsionada após o domínio do homem sobre os recursos naturais, que sofreram e ainda sofrem uma redução de disponibilidade de alimentar.
Grandes áreas de terras são devastadas para alimentar o capitalismo selvagem que mantém o sistema econômico funcionando por meio de atividades industriais, fazendo e distribuindo produtos que se tornam obsoletos em pouco tempo, alguns em até seis meses.
Esta obsolescência dos produtos aumenta a quantidade de resíduos descartados no meio ambiente e reduz a vida útil de aterros controlados ou sanitários, ao passo que pode aumentar a quantidade de lixões. Também exigem mais extração de matérias primas, causando mais desmatamento de florestas, destruição de montanhas para extração de minérios e consequentemente a poluição do ar, solo, mares, rios e lagos.
Atualmente, a produção encontra-se, quase em sua totalidade, automatizada. A partir do ano 1900, surgiram os processos de produção em série, iniciando uma verdadeira e danosa explosão de consumo em massa.
Este consumismo exagerado contou com uma grande aliada, a comunicação. Foi um período de grandes avanços nas comunicações, o que facilitou a divulgação de produtos e aumentou ainda mais o público consumidor.
A partir deste ponto, a industrialização agregou novos conhecimentos e tecnologias, avançando nas áreas da eletrônica, química, engenharia genética e a robótica. É importante lembrar que o marco inicial deste processo de desenvolvimento capitalista, deu-se juntamente com a revolução industrial, deixando de lado os processos de produção artesanal, menos agressivos ao meio ambiente e menos lucrativos do ponto de vista econômico da época.
Quem teve a oportunidade de ver o clássico filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin, percebe que a industrialização acelerou os processos de produção a níveis quase frenéticos. As pessoas – operários – tornaram-se partes fundamentais deste processo sistemático de produção.
A qualidade de vida está comprometida pela rotina estressante e pouco remunerada. O lazer já não fazia mais parte da vida dos operários que se sacrificam nas fábricas. O que ganhavam sequer dava para sustentar suas famílias. O que realmente alimentavam era o sistema de produção, venda e compra dos bens de consumo.
As doenças mais frequentes estavam relacionadas aos esforços repetitivos e ao trabalho em uma única etapa da produção. Ou seja, cada operário era responsável por um único processo na linha de montagem. Esta doença foi diagnosticada décadas depois como “LER” (Lesão por Esforço Repetitivo).
A competitividade por uma vaga de trabalho só aumentou com a Revolução Industrial, e os operários se submetiam a baixos salários. Aqueles que não conseguiam emprego – maioria da população – passavam fome, sobreviviam e roubavam pelas ruas em meio a uma burguesia constituída por poucos cidadãos.
Diante deste cenário, surgiram os movimentos sindicais, que cobravam melhores condições de trabalho e salários mais justos. Pelas ruas os usuários de drogas tornavam-se o retrato da dor e da miséria. As cadeias lotadas indicavam o aumento da criminalidade. Nas celas, sindicalistas eram colocados juntamente com traficantes e assassinos. Os problemas sociais eram latentes e incomodavam os pioneiros das lutas sociais.
Antes dos processos de produção em série, ou da Revolução Industrial, a população vivia da energia e dos produtos ofertados pela própria natureza. Caçavam somente o que consumiam com suas famílias, sem armazenamento. Colhiam o que plantavam em pequena escala, e não promoviam grandes impactos ao meio ambiente.
Com a industrialização e a produção em série, os impactos provocados na natureza ganharam grandes proporções. A emissão de gases do efeito estufa (GEEs) foi acelerada com a exploração de combustíveis fosseis e com o crescente desmatamento para produção agrícola e implantação de novas indústrias.
O planeta passou a não mais suportar as frequentes agressões e a exploração descontrolada dos recursos naturais. A derrubada de florestas acelerou o aquecimento global, pois representam um fundamental papel no ciclo de renovação do oxigênio da atmosfera, expondo ao risco bilhões de pessoas por todo o mundo.
Os seres humanos hoje vivem numa sociedade capitalista. Adotaram o consumismo como meta de status social. No momento de comprar, a população não leva em consideração o ciclo de vida do produto, o quanto de matéria prima foi utilizada, nem tão pouco sua origem e se os custos humanos e ambientais foram inseridos na cadeia produtiva.
É urgente que medidas sejam adotadas para frear o consumismo. Uma saída é trabalhar a sensibilidade e consciência da população por meio da educação ambiental. O cidadão deve ser orientado a respeito dos processos de produção, distribuição e consumo. Talvez ainda seja tarde demais para reverter a situação. É possível que ainda haja tempo para salvar as futuras gerações do egoísmo de seus antecessores.