Correria do dia a dia tira nossa percepção do mundo |
Os seres humanos, de forma mecânica, começam o dia e não dão conta das belezas naturais que estão ao seu redor. A caminho de suas rotinas diárias, ao volante, no ônibus, no avião ou a pé, não percebem a natureza a sua volta. Já não enxergam mais aquela árvore frondosa no canteiro central da avenida mais movimentada de cidade, seja ela qual for, e qualquer tamanho, pequena, média ou grande.
A população da Terra cresce em números assustadores, já são quase sete bilhões de pessoas. “Antes do século 20, nenhum ser humano tinha vivido o suficiente para testemunhar uma duplicação da população mundial, mas hoje há pessoas que a viram triplicar. Em algum momento no fim de 2011, segundo a Divisão de População das Nações Unidas, seremos 7 bilhões de pessoas”. (KUNZIG, 2011)
Esta explosão demográfica aumenta as necessidades de consumo, e o inevitável consumo desnecessário. O resultado é que vivemos num ritmo frenético, onde as contas a pagar pedem mais horas de trabalho, e a necessidade de bons empregos requer mais horas de sala de aula. Esta loucura diária tira o tempo que antes se tinha para a família, lazer e apreciação do meio ambiente. O homem foi reduzido a um risco ambiental, ou seja, um risco para o próprio homem.
Mas afinal, o que é o meio ambiente? A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei Federal nº 6.938/81 define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga ou rege a vida em todas as suas formas”, o que de modo simplificado pode-se conceituar como tudo aquilo que está a nossa volta, inclusive nós mesmos. Entretanto, o meio ambiente é muito mais que isso.
O meio ambiente é composto por tudo que é indispensável à vida na terra, ou seja, tudo aquilo que é utilizado para sua própria sustentação. Estão incluídos neste tudo as condições do ar, solo, recursos hídricos, nutrientes e todos os organismos vivos existentes.
É comum achar que o meio ambiente é composto pelos componentes básicos de ordem “física, química e biológica”, mas na verdade é composto também pelo “meio sociocultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem”. (PIZZATTO & PIZZATTO, 2009)
Um grande prestador de serviços. É assim que pode se visualizar o meio ambiente. O seres humanos são usuários não pagantes dos serviços ambientais disponíveis em grandes, pequenas, finitas ou em infinitas quantidades. Enquanto grandes metrópolis e seus habitantes de maior poder aquisitivo são privilegiadas com a exploração essesiva dos recursos naturais, comunidades rurais, ou até mesmo urbanas de baixa ou nenhuma renda, sofrem com a escarcez de recursos vitais como a água ou acesso a energia elétrica.
Para Markus Brose, agrônomo, especialista em agroecologia e doutor em sociologia política pela Universidade de Osnabrück – Alemanha, existem um problema cultural, “em nossa sociedade, existe uma tendência de que grupos vulneráveis sofram com os maiores custos ambientais e usufruam menos dos benefícios do crescimento econômico”. Tal comentário é baseado na existência das industrias em grandes áreas metropolitanas, aumentando os riscos ambientais de fácil deslocamento regional e de impacto difuso.
Ao se deparar com a ausência dos serviços ambientais, instala-se o pânico. O meio ambiente atualmente vive uma crise que está estampada em jornais, revistas, televisão e quase todos os meios de comunicação.
Estamos na era das mudanças climáticas e do acelerado e descontrolado aquecimento global. A
“Carta da Terra”, declaração com apontamento para os princípios éticos da construção de uma sociedade com justiça social, sustentabilidade e paz, trás em seu texto que “estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro”, para os céticos, uma apologia ao pânico. Para os ambientalistas, ecologistas e demais defensores do meio ambiente um apelo para práticas conscientes de preservação ambiental.
Esta preservação tem como aliada a percepção ambiental. Um processo no qual o indivíduo constitui imagens mentais, julgamentos, expectativas e condutas para estabelecer uma melhor compreensão do meio ambiente e das inter-relações com os demais seres vivos. A percepção ambiental é aguçada com a prática da educação ambiental.
O estudo e a prática da educação ambiental possibilita que todos possam ter uma visão holística do meio ambiente, fazendo-o entender todos os processos sinérgicos existentes entre homem e natureza para construção do meio ambiente.
Na educação ambiental utilizamos a percepção ambiental como uma ferramenta que auxilia e possibilita aos seres humanos perceber o meio ambiente, natural ou antrópico, facilitando assim a conscientização ou sensibilização para construção do cidadão ecologicamente correto, responsável e ator fundamental no fortalecimento dos pilares da sustentabilidade.