terça-feira, 12 de junho de 2012

MNCR comemora conquistas de catadores cooperados em Natal


Remuneradas pela Urbana, duas cooperativas prestam serviços de coleta, transporte e destino final dos resíduos recicláveis de Natal

Por Heverthon Rocha

A coleta seletiva realizada na cidade do Natal teve um avanço significativo, desde que a Prefeitura Municipal assinou o contrato de prestação de serviços de coleta de materiais recicláveis com os catadores natalenses.
Durante muitos anos, os catadores de materiais recicláveis da cidade tiveram que conviver em meio ao descaso e à ausência de políticas públicas de inclusão social e fortalecimento do movimento. Reduzindo à R$ 174 o ganho mensal dos catadores cooperados.
Os catadores de materiais recicláveis de Natal saíram do anonimato no ano de 2004. Naquela época, uma ação do Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria do Meio Ambiente, determinou o fim do lixão de Cidade Nova. Na ocasião, mais de 450 pessoas viviam em meio aos resíduos sólidos e rejeitos domésticos.
Com o fim do lixão, os catadores se organizaram em associações. Fortalecidos, hoje se distribuem em duas cooperativas, remuneradas pela Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) para realizar os serviços de coleta, transporte e destino final dos resíduos recicláveis.
“Decidimos contratar os catadores por entender a sua importância para o meio ambiente. Estamos fazendo nossa parte, conforme prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos e esperamos que todos os municípios façam o mesmo”, disse João Bastos, presidente da Urbana.
A inserção social dos catadores foi esquecida por muitas gestões da Urbana. Diante desta problemática a gerência técnica do meio ambiente da Urbana, formulou e propôs o decreto da Coleta Seletiva Solidária em Natal, o que foi acatado pela prefeita Micarla de Sousa.
O Decreto Municipal nº 9.615/2012 foi publicado no Diário Oficial do Município do dia 03 de fevereiro deste ano e estabelece a obrigatoriedade de coleta seletiva em todos os órgãos da administração direta e indireta municipal. O decreto municipal segue o modelo adotado pelo Governo Federal (5.940/2006) com as devidas adequações às realidades locais.
Estas iniciativas tiveram início em junho de 2010, fruto de uma gestão inovadora na Urbana, onde os catadores passaram a ser visualizados com a devida importância. Neste período diversos eventos nacionais e locais possibilitaram a contratação das cooperativas para realizarem serviços profissionais aos municípios brasileiros.
Em 2010 o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei Federal nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), elevando os catadores para um patamar de destaque, no que diz respeito à destinação ambientalmente correta dos resíduos sólidos recicláveis.
Para Severino Lima Júnior, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) as conquistas estão se concretizando em Natal. “O presidente Lula foi muito importante para valorização do catador. Somos gratos a ele”, destacou Severino Júnior. “Nós do MNCR estamos muito satisfeitos em ver que a gestão municipal do Natal está implementando a PNRS, inclusive contratando os catadores.”
A PNRS surge como um instrumento legal que complementa a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB), instituída conforme a Lei Federal nº 11.445/2007. Foi a PNSB que possibilitou a contratação dos catadores para realização da coleta seletiva, cumprindo assim uma das etapas do saneamento básico que é o manejo dos resíduos sólidos urbanos.
A PNSB prevê a contratação das cooperativas com dispensa de licitação, tendo como base o estado de necessidade dos catadores e promovendo a inserção socioeconómica dos profissionais da coleta seletiva e ações de preservação do meio ambiente.

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